Você pode aprender com o que eu fiz, sem tentar ser quem eu sou.
A comparação é destituída de qualquer resquício de motivação, porque é destruidora. Vira obsessão.
Qual é o limite da fronteira que separa a admiração que você sente por alguém da comparação que você estabelece entre vocês? Não adianta falar que "depende". Não existe "depende" quando falamos de comparação, porque não existe grau de comparação externa saudável para quem se compara.
Inclusive, ter evitado comparações me protegeu durante todos esses anos de carreira. Isso também me permitiu avançar.
Há alguns dias, recebi a seguinte pergunta:
Você pode aprender com o que eu fiz, sem tentar ser quem eu sou. O que te paralisa é o que você persegue — no outro.
E não, essa não é uma pergunta que me assusta. A ouço todos os dias, de maneiras diferentes, inclusive nas atitudes e decisões, essa pergunta sempre está lá: "Monique, como você fez? Se eu fizer igual, eu também consigo ser você?".
Primeiro, o desejo de ser eu — ou de querer ser o outro, seja lá quem for — é um desejo complexo. Você quer ser eu pelo que você sabe sobre mim ou quer mesmo vivenciar todas as experiências, inclusive ruins, que eu já vivenciei? Porque isso também me forma. Você quer ser eu em qual fase da vida? Ou por qual característica? Você quer possuir apenas uma das habilidades ou aos acessos que eu possuo?
Afinal, o que significa querer ser outro alguém?
Querer ser o outro é limitador de horizontes. Eu precisei ter a mãe que eu tenho, o pai que eu tenho, a avó que tive, as experiências que vivi para entender que olhar até onde o outro estava indo não me faria avançar. Pelo contrário.
A comparação é destituída de qualquer resquício de motivação, porque é destruidora. Vira obsessão. Se torna o tentar a qualquer custo. Não importa quanto esforço a pessoa obcecada faz: não existe saúde, não existe limites na obsessão. O que existe é perseguição cega.
Ou existe frustração. Quando você entende que não é possível ser o outro, todo resto para de fazer sentido para você. "Já que não posso ser isso, qualquer coisa serve". Você pode — e eu espero que você esteja construindo isso — querer ser bem-sucedida e bem-sucedido, trabalhar para construir o que ainda não existe, para ser a referência em uma área X, querer mudar a sua vida e da sua família. Mas tudo isso perde sentido quando você usa o outro como régua.
Como saber o que estava passando por aquela outra cabeça?
Em empresas recém fundadas, quando vamos analisar os dados de uma ação ou projeto, podemos estudar e buscar referências de quem está fazendo bem aquela atividade no mercado. Mas não dá pra dizer se a primeira métrica de uma ação precisa melhorar ou foi muito ruim, sem olhar a métrica do mês seguinte. A realidade daquela empresa não será idêntica à que já existe. Ou seja: você aprende o que o outro fez, mas não tem como ser o que o outro é, porque envolve fatores, inclusive, que podem ser impossíveis de mapear.
Por exemplo, o investimento em um grande projeto pode acontecer por motivos que, quem investiu, jamais vai verbalizar além das justificativas formais.
Funciona para os negócios e funciona para as carreiras: tenha um plano, construa sua marca, faça relacionamentos, peça ajuda, queira ouvir feedbacks, queira ser infinitamente bem remunerada e remunerado, mas você só vai saber como fazer isso comparar você com você mesmo.
Não comparar o seu início com o meio de ninguém também significa entender que o seu objetivo não é alcançar o outro. Independente de quem você admire. O objetivo é tirar você mesmo do lugar que está hoje, para um lugar que é só seu.
Ter consciência da sua progressão faz você avaliar, com atenção, o que você fez até aqui, o que deu certo, o que não deu e onde você está. Anote, ano a ano, ou semestre a semestre, desde o início da sua trajetória profissional, quais foram as mudanças da sua vida e o que ainda deve ser feito.
Eu tenho essa linha do tempo. Essa linha do tempo está presente em meus projetos comerciais, inclusive. Porque a nossa história reforça a credibilidade do que dizemos. Mas nesse primeiro momento, a sua história vai te indicar qual o próximo passo. Vai te mostrar também que o seu objetivo não é querer ser outro alguém.
Afinal, se você tentar ser, especificamente, algo ou alguém que já existe, você será uma cópia. Ou seja: que sentido isso faz pra você?
Texto muito necessário para o momento em que estou vivendo. Enquanto mexia no Linkedin procurando referências, informações sobre cursos e com o sentimento de não saber ao certo para onde ir, apareceu a possibilidade de conhecer esse conteúdo. Eu não acredito muito em coincidência. Acho que esse texto, assim como muitos outros por aqui, vão me ajudar a entender mais sobre o meu momento na carreira, reconhecer onde quero chegar e os motivos que estão me movendo para isso. Ótimo conteúdo! Obrigada
Que texto excelente! Me lembra uma frase que você sempre fala: "não compare seu início com o meio de ninguém".
A verdade é que por trás de toda pessoa que consegue ocupar um determinado espaço, existe uma série de lutas, fases ruins e situações dolorosas.
As vezes queremos sorrir os sorrisos das outras pessoas, mas jamais chorar a dor delas.