Todos os profissionais precisam virar influencer agora?
Visibilidade e competência não são sinônimos. Definitivamente os melhores profissionais não são os com mais seguidores ou com alto engajamento.
Visibilidade e competência não são sinônimos. Definitivamente os melhores profissionais não são os com mais seguidores ou com alto engajamento.
A habilidade de se comunicar é uma característica que vai acrescentar positivamente nas suas entregas como profissional. Mas não confunda boa comunicação com a obrigação de fazer da sua vida um reality exibido nas redes sociais. Não, você não tem a obrigação de fazer um reels no Instagram para provar que é uma profissional ou um profissional que merece credibilidade.
Mas porque tem tanta gente fazendo e, aparentemente, tendo mais sucesso na carreira com isso?
Na pergunta acima, eu quero que você foque na palavra aparentemente. Porque, em diversos casos, o que estamos vendo é a aparência. É a sequência de mensagens que tem o objetivo de fazer você enxergar e criar a imagem mental que quem comunica deseja que você enxergue. Mas imagem não reflete preparo para solucionar problemas. Pessoas que comunicam com eficiência aquilo que gostaram de comunicar são apenas pessoas com habilidade e disponibilidade no quesito comunicação, e não a melhor ou o melhor do mercado — da mesma maneira que quem não comunica seus feitos profissionais não se enquadra como incompetente ou alguém menos qualificado.
Por outro lado, estamos fazendo parte da construção de uma imaginário social: o número de seguidores tem o peso de um diploma. A título de exercício, gostaria que você imaginasse a seguinte situação: quando você se depara com a rede social de um profissional com 1 milhão de seguidores e com comentários reias de pessoas que têm admiração, você questiona se ele é tão bom assim? Ou imediatamente pensa que é tão bom que, por consequência, tem muita visibilidade?
Honestidade na sua resposta.
Porque, a partir daí, você vai compreender que não é necessariamente uma exigência profissional a produção de conteúdo.
Mas por que os números das redes sociais têm sido entendidos como sinônimo de competência?
“Na dúvida entre Renata e Júlia, eu prefiro não conhecer ninguém a fundo, mas mesmo assim escolher Renata, afinal, ela tem 100 mil seguidores a mais e é muito mais ativa no Instagram.” É sério, gente?
É importante dizer que quem não está produzindo conteúdo está trabalhando, estudando e construindo soluções. Já parou pra pensar que, talvez por isso, não seja uma prioridade usar o tempo para pensar em conseguir mais seguidores?
Por outro lado, não existe motivo para tratar profissionais que produzem conteúdo com desdém. Não é porque é preciso investigar e usar outros critérios para escolher ou conhecer um profissional, que existe problema em produzir conteúdo com fim de conquistar novas oportunidades e credibilidade.
Seja lá o que você faça bem, para que outras pessoas saibam que podem contar com você, que podem lhe convidar para construir projetos e soluções, você precisa comunicar o que faz. Nesse caso, calada faz, mas completamente sem falar, é difícil que quem precisa de você saiba que pode contar contigo.
Seja com a produção de conteúdo, com networking, portfólio, com a presença em eventos, por participar ativamente de comunidades com profissionais da sua área, com rede de apoio: é importante que você encontre caminhos para comunicar. Comunicar não é apenas abrir um perfil no Instagram ou começar uma newsletter no LinkedIn. Significa permitir que o seu trabalho chegue ao conhecimento de quem é importante chegar — e para saber para quem é importante chegar, você precisa saber onde você pretende chegar. Estrela do Norte. Já falamos disso.
Ação e resultado reforça aquilo que você não diz. Mas dizer não é dispensável. Você vai precisar encontrar a forma confortável de fazer o seu trabalho ecoar.
No início da minha carreira, eu fazia isso participando de eventos e palestras. Todas eram uma oportunidade de apresentar aquilo que eu sabia fazer e queria construir. Não cheguei aqui calada. Também não comecei influencer. Nem era o meu objetivo. Mas entendi que era — e é — preciso equilíbrio entre fazer e comunicar.
Isso ressoa tanto o que estou vivendo... Às vezes me comprometo a produzir conteúdo, mas simplesmente não consigo de uma forma regular em que eu não seja "punida" pelo algoritmo. Ao mesmo tempo, às vezes me dou um tapinha nas costas pois eu estou criando MUITA coisa, de formas transversais, muitas offline, no olho a olho, e eu não tenho tempo mesmo de produzir fast content, só slow content. E que meus seguidores me perdoem, acho que é melhor assim pra minha carreira e pro impacto que eu quero deixar no mundo.
Olá! Achei muito interessante e pertinente o que foi colocado nesse texto. Estou nesse processo de transição de CLT para autônoma e minha maior angústia é essa questão com o instagram e ler esse seu texto trouxe um certo alívio. Obrigada!