Quando sua estratégia de negócio se torna sua marca.
O futuro das marcas está na coerência
O título dessa edição da newsletter leva o nome do painel que assisti no SXSW com Suzanne Barbosa e Marco Pupo, da Atlantic New York, uma agência criativa independente que se destacou no mercado.
Eles trouxeram aquilo que acredito e sempre compartilho aqui com vocês. Empreender é muito mais do que ter um bom produto ou serviço. É sobre construir um posicionamento que vai além da oferta e se conecta diretamente com a forma como o mercado percebe o seu negócio. E eles trouxeram o case da Atlantic demonstrando como a estratégia de crescimento de uma empresa pode se tornar sua própria identidade de marca, transformando a maneira como ela atrai clientes, constrói relacionamentos e inova no mercado.
O caso da Atlantic New York é um exemplo claro de como desafiar padrões pode ser um diferencial poderoso. Em um mercado saturado, onde agências tradicionais investem milhões em pitches e concorrências, eles escolheram fazer diferente.
Inovação através do oposto
Um premissa que levo comigo é que precisamos ter muito cuidado ao querer seguir a multidão, porque nem sempre a multidão sabe para onde está indo.
E isso o Atlantic também concorda: se todo mundo está indo para um lado, explore o outro. Em vez de seguir tendências cegamente, a Atlantic New York aposta em estratégias que desafiam o status quo da indústria, assim como eu faço nos meus trabalho.
Isso impacta diretamente como eles captam clientes, contratam talentos e executam campanhas. Alguns exemplos que mostram essa abordagem inovadora incluem:
Alugar uma van barata em Cannes, enquanto concorrentes alugavam iates de luxo: em um dos maiores eventos de publicidade do mundo, a agência criou um serviço gratuito de transporte do aeroporto para o evento. A única condição? Os passageiros precisavam ouvir um pitch da agência durante o trajeto. O resultado foi um buzz gigantesco no setor e novos negócios fechados.
Criar uma campanha para a última loja da blockbuster com um orçamento quase zero: enquanto marcas gastam milhões em comerciais no Super Bowl, a agência produziu um anúncio da Blockbuster usando uma fita VHS antiga. O impacto foi nove vezes maior do que o de campanhas milionárias na TV.
Recrutamento de talentos de áreas inesperadas: em vez de buscar profissionais tradicionais do setor, a agência aposta em pessoas com trajetórias fora do comum, como um DJ e produtor musical que nunca tinha trabalhado com publicidade, mas trouxe uma visão criativa única.
Essas ações mostram como a estratégia de negócio pode se transformar no próprio DNA da marca, criando um diferencial competitivo impossível de copiar.
Criatividade não está apenas no produto. Está na estrutura do negócio.
Muitas empresas tentam inovar apenas no que vendem, sem olhar para como vendem, como contratam e como operam internamente. A Atlantic encontrou uma vantagem competitiva ao questionar padrões que outras empresas aceitavam como imutáveis.
A Atlantic New York entendeu que era possível inverter essa lógica. Em vez de gastar milhões competindo com as grandes agências, eles transformaram sua cultura e sua forma de fazer negócios em sua vantagem competitiva.
Ao desafiar o modelo tradicional, eles conquistaram:
✔ 94% de crescimento ano a ano
✔ Conversão de 100% dos esforços de captação de novos clientes
✔ Expansão global, fechando projetos em Londres e outras cidades
✔ Reconhecimento como Small Agency of the Year
Isso prova um ponto fundamental: as empresas que ousam desafiar o mercado e criar novos formatos de engajamento se destacam e crescem rapidamente.
Aplicação prática: revise seus processos internos. Será que sua empresa segue regras de mercado apenas porque “sempre foi assim”? Que aspectos da sua operação podem ser reinventados?
Isso também foi um aprendizado da Issa Rae.
Quando a estratégia vira posicionamento e garante diferenciação
O impacto dessas estratégias vai além dos números. Hoje, os clientes querem trabalhar com a Atlantic não apenas por suas campanhas criativas, mas porque se identificam com a mentalidade da empresa.
A agência adotou um modelo chamado "Request to Test" (RFT), que substitui o tradicional "Request for Proposal" (RFP). Em vez de gastar meses preparando propostas para clientes que talvez nunca fechem contrato, eles convidam as marcas a testarem seus serviços primeiro. Isso reduz custos, otimiza tempo e aumenta as chances de conversão.
Outro exemplo foi a decisão de fechar a agência por uma semana durante o verão, algo quase impensável no setor publicitário. O objetivo? Reforçar a cultura organizacional e provar que produtividade não precisa estar atrelada a jornadas exaustivas.
Essas decisões mostram que ser inovador não é apenas sobre a criatividade em campanhas, mas também sobre repensar processos, cultura e relacionamentos.
Sua estratégia define sua marca
E eu, como investidora e empreendora, acredito que toda decisão dentro do negócio constrói a percepção do mercado sobre ele. A forma como você prospecta clientes, desenvolve seus produtos e interage com o público define sua identidade muito mais do que um logo ou um slogan.
A Atlantic New York conseguiu transformar sua metodologia de negócios em branding, provando que ser autêntico, desafiador e estratégico pode ser o maior ativo de uma empresa.
Isso significa que branding não é apenas um exercício de marketing, mas uma consequência direta de como a empresa opera, toma decisões e interage com clientes e colaboradores.
Se sua empresa busca diferenciação real, é preciso se perguntar:
A forma como vendemos reflete nossa essência?
Nosso modelo de crescimento está alinhado ao que defendemos como marca?
Estamos inovando na forma como fazemos negócios, ou apenas copiamos o que já existe?
Empresas que entendem essas perguntas e ajustam suas estratégias para se tornarem marcas vivas criam um diferencial competitivo muito mais difícil de ser copiado.
O futuro das marcas está na coerência
Se antes a construção de marca dependia exclusivamente de campanhas publicitárias, hoje ela está diretamente ligada à experiência que um negócio entrega em cada interação.
Empresas que conseguem alinhar modelo de negócio, cultura e estratégia comercial criam marcas que não só vendem mais, mas também geram lealdade e comunidade em torno da sua visão.
O desafio não é apenas criar um bom branding visual. É transformar sua própria forma de operar em um diferencial competitivo.
E no final das contas, esse é o verdadeiro poder de uma marca: quando sua estratégia e sua identidade se tornam inseparáveis.
Por isso, meu trabalho com a mentoria focada em construção de marca é focada em desenvolver estratégia, posicionamento e novos negócios alinhados à marca pessoal e institucional. Senão, não terá coerência e muito menos consistência.