Eu odiava o meu trabalho. Se você também já odiou o seu: abraça aqui. Eu te entendo e sinto muito. Não acredito que é normal, nem que "é assim mesmo", mas quero que você saiba que eu já senti isso.
Se por um lado o retorno do nosso trabalho é o que possibilita que se concretizem algumas das nossas realizações mais importantes, por outro, o ambiente de trabalho pode ser o motivo para experimentar os piores sentimentos, perder o brilho e até adoecer. Quando faço análises sobre como as empresas e corporações têm comprometido a saúde das pessoas, é porque me tornei uma boa ouvinte (on e offline), mas principalmente porque não ouvi a minha intuição e ignorei sinais em algum momento da minha carreira. Quero dizer que falo sobre o que já vivi. Que não ter ouvido a minha intuição me levou a dizer 'sim' a um trabalho que eu odiei.
Sim, eu já fui CLT. Nessa empresa específica, passei apenas 89 dias. No 90º fui parar no hospital por conta de uma crise de ansiedade. E é importante identificar que, na mesma proporção que a gente aprende sobre experiências que não queremos viver novamente porque foi ruim passar por ela, pessoas que vivenciam os exemplos repetidamente ruins no ambiente de trabalho ao longo dos anos, pode entender que a única forma de conduzir uma equipe é reforçando o sentimento de insatisfação. Que é "inevitável".
Falo isso pra lhe convidar a pensar sobre lideranças. Primeiro porque, se você é uma liderança que não experienciou relações de trabalho saudáveis, o que você tem feito, efetivamente, para não ser o responsável ou a responsável pelas experiências ruins de outras pessoas? Você aprendeu a ouvir? Você quer ouvir o que sua equipe tem a dizer?
Nessa empresa em que fui CLT — que foi uma das piores experiências de trabalho que já passei —, tentei dizer que era importante mudar. Na verdade, eu disse. Mas como nunca tive resposta, acredito que não fui ouvida.
Não fui ouvida, mas reforcei, pra mim, a importância de escutar os sinais e a minha intuição. Reforço a importância porque isso comprometeu minha saúde — e poderia ter sido pior. E sei o que me fez aceitar aquela proposta: foram as promessas, as possibilidades de realização e o salário também. E sim, havia lido todos os comentários de ex-funcionários na internet (que eram avaliações ruins), mas achei que poderia ser diferente no meu caso. E provavelmente você já acreditou nisso em algum momento também e caiu numa cilada.
Consegui me recuperar. É importante você saber. Apesar do cargo que eu ocupava, da magnitude da empresa para qual fui contratada, depois que tomei a decisão de sair daquele lugar, o meu trabalho, com a minha marca, com o que me dava prazer e que tinha brilho de realizar, já estava me pagando seis vezes mais.
Não quero que você acredite que isso foi um milagre. O convite para trabalhar nessa empresa, os projetos que pude entregar depois e tudo mais que realizei, foi resultado de uma construção de marca e profissional. Uma construção que eu não sabia ao certo em que momento me traria respostas, mas sempre estive comprometida a entregar e realizar, para que, quando as oportunidades chegassem, eu estivesse em movimento.
Quero que essa história te dê a possibilidade de acreditar que mudanças podem ser pra melhor. Que por maior que seja o medo que te aprisiona onde você está, a mudança precisa partir de algum movimento e que é o movimento que nos faz avançar.
Que o ódio que você sente do seu trabalho seja a energia de mudança que você busca.
A minha história completa, sobre esse trabalho X — que eu nunca compartilhei publicamente —, você escuta no novo episódio do meu podcast, o Diário de uma Investidora negra.