05 coisas que você precisa saber antes de pedir patrocínio
A lista foi feita com base nos projetos e ideias que recebi no primeiro semestre de 2022.
Há alguns anos tenho investido nos projetos de outras pessoas. São projetos que têm relação com o trabalho que desenvolvi nos últimos 12 anos ou ligados a temas que eu tenho interesse. Mas sem exceção, são projetos e eventos que não deixam brecha sobre o que são, por qual motivo são importantes existir e, inclusive, o que será feito com o dinheiro aplicado.
Sim, "inclusive". Porque recebo dezenas de pedidos de apoio e patrocínio por mês, mas na maioria deles não existe uma linha sequer falando sobre como o dinheiro será aplicado. É comum que no título da mensagem faça menção a patrocínio, mas sempre tem cara e cheiro de pedido de ajuda. Cara e cheiro de pedido de ajuda em função da urgência, da ansiedade, por raramente existir uma apresentação pronta para ser enviada. É como se eu tivesse um valor que sempre está disponível imediatamente, à espera do próximo projeto surpresa.
Não, minha gente. O fato da minha marca levar o meu nome pessoal não significa que os investimentos que faço por meio dela têm cunho emocional. É trabalho — apesar da relação de amizade que posso ter construído com você.
Outras patrocinadoras e patrocinadores do mercado também vão esperar que você apresente mais do que boas intenções sobre o que fazer com o dinheiro que será investido — e aqui eu só quero que você entenda que pode explorar outras possibilidades do mercado, falar com outras marcas também, mas precisa se preparar em todos os casos.
Talvez valha muito a pena que eu — ou outra patrocinadora ou patrocinador — invista no seu projeto ou evento. Mas é importante saber que a forma como você faz o pedido fala mais sobre os riscos desse investimento, do que o que você tem para dizer sobre os ganhos.
É importante saber o que não fazer — caso você queira ouvir um sim:
1. Pedir patrocínio um mês antes do evento
Dois meses, um mês, três semanas, cinco dias. Não faz diferença. São prazos apertados para a organização das finanças de qualquer empresa. Assim você triplica as chances de receber um não. Não é má vontade. É porque assim como o dinheiro vai ser importante para o seu projeto ou evento, não suponha que é insignificante para a empresa que você vai fazer o pedido: dinheiro é importante pra ela também.
Considere o tempo de organização da marca parceira para que esse dinheiro seja liberado. E se organize. O pedido desesperado de "preciso pra ontem" fala sobre a confiança que a empresa pode ter em como você irá gerir esse valor que ela vai liberar.
2. Pedir pensando apenas no calendário do seu evento
Ok, Monique. Vou pedir o patrocínio com quatro meses de antecedência e isso significa que meu pedido vai ser enviado para a empresa no mês de dezembro.
A antecedência que você está se referindo é pensando só em você e no seu projeto? Porque as empresas utilizam o conceito de Ano Fiscal para planejar em que vão aplicar os seus investimentos ao longo do ano. Ou seja: todo ano, as marcas precisam prestar conta e planejar como investir o próprio dinheiro no período seguinte. Você, que vai precisar de patrocínio, precisa levar isso em consideração.
Não basta parecer que tem tempo de sobra para o seu projeto. Precisa se adequar aos planos da marca investidora também.
3. Pedir pelo Instagram
Eu recebo centenas de pedidos de patrocínio pelo Instagram. Não sei se acreditam que por lá vou responder mais rápido, já que vejo todas as mensagens, ou se aproveitam que é o caminho mais fácil — pra quem envia. Mas eu não fecho negócios pelo Instagram. Apesar de ser uma das ferramentas de trabalho que utilizo, não é o caminho que costumo fazer negócios.
O canal não seria o maior dos problemas se as pessoas não acreditassem que só uma DM seria o suficiente. É, por vezes, o conteúdo.
Se trata de uma negociação, e por vezes de valores consideráveis. Se preocupe com a abordagem. Seu primeiro contato já comunica sobre você e sobre o seu projeto.
Existem canais mais adequados em que você terá a atenção plena da marca. Porque cada canal tem um objetivo e isso já evita que o seu projeto seja interpretado como "mais um".
4. Não apresentar um plano do projeto
Um dos problemas (isolados) que mais conduzem uma marca a dizer não para um projeto é a não entender porque vale a pena investir.
Propor um projeto e dizer que ele vai mudar vidas não vai convencer a marca a te apoiar. Empresas têm CNPJs, e não corações — é verdade, gente. Cuidar desse CNPJ é o que vai fazê-la se manter de pé.
Elas podem ter interesses semelhantes ao seu e seu projeto pode ter relação com isso. Mas apresente exatamente o que você vai entregar à marca, assim como o que ela ganha com isso: visibilidade, credibilidade ou dinheiro? Além de detalhar — ao máximo, mas da forma mais objetiva possível — o projeto.
Quanto menos dúvidas sobre o seu plano, maiores as suas possibilidades de receber um sim. Ou, de ser indicada ou indicado para ser parceira de uma marca que faz mais sentido no momento.
Mas tenha uma apresentação pronta. Isso é o mínimo.
5. Apresentar divulgação de marca como única contrapartida
"Seu logo estará no material de comunicação".
Parece existir uma ideia fixa entre a maioria das pessoas que enviam pedido de patrocínio: as marcas investem qualquer dinheiro por visibilidade. Essa é a contrapartida que mais chega para as marcas. E não: não vale tudo por visibilidade. Por vezes, vale muito pouco.
E esse pode ser um dos diferenciais do seu projeto. Entenda, de fato, o potencial que ele tem para fazer com que as empresas que podem patrocinar se interessem. Justificar com visibilidade é o caminho mais fácil. Mas, muitas vezes, se a empresa que você procurou pagar para anunciar no Google, ela vai atingir mais pessoas, pessoas mais qualificadas e por muito menos dinheiro do que você diz que precisa.
Inclusive, você pode começar a pensar por aí: porque valeria mais a pena que uma marca investisse no meu projeto, ao invés dela usar esse dinheiro pra anunciar na internet?
EXTRA:
Insistir pra ver o seu projeto e cobrar a cada 24 horas não vai fazer a marca ter mais interesse pelo que você tem a oferecer. Abandone a crença de "você, representante da marca, não sabe o que está perdendo".
Evite cometer os 5 erros que citei e isso já vai acelerar o retorno automaticamente.
Você chegou até aqui e já sabe o que não fazer. Para saber o que fazer, eu indico assistir a aula que gravei para Inventivos, sobre como apresentar projetos para grandes marcas.
É abandonar a ideia de "o não eu já tenho" e começar a fazer o básico para garantir o sim.